quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mondariz: uma água que faz bem à vida



Hoje o telhado que a cobre está envelhecido e esburacado, o ferro forjado que guarnece as escada de acesso ao bebedouro e ao varandim acusa os efeitos usurários do tempo, já incerto na solidez. A água essa é gratuita. 
Parámos e, curiosos, ali se foi bebê-la, à Fonte de Troncoso, sem saber do seu sabor sulfuroso, o do enxofre das entranhas da Terra, o dos locais infernais.
No topo do monte, uns quilómetros acima, a água ganhava foros palacianos, com imponentes hotéis, recortes ajardinados à francesa, de uma monumentalidade tranquila..
Quer a lenda que o casamento de D. Dinis com D. Isabel de Aragão teve lugar numa capela no município. 
A noiva estava prometida desde os onze anos, o casamento ocorreu tendo ela dezassete. Ademais, procurando raízes para o veio, embora se imaginem romanos a seguirem aquela pista aquosa, lê-se que a fonte só foi descoberta pelo século dezanove. Incerto jorrar, portanto.
No Verão de 2010 o jornal Faro de Vigo dava conta [ver aqui] que o balneário de Troncoso sofria de graves problemas de estrutura pelo que era um risco para quem o visitasse. Pois foi o que sucedeu, a grade do pequeno portão estava aberta. «A que faz bem esta água?», perguntei, forasteiro inquisitivo. «Faz bem a tudo, faz bem à vida!» disse, convidativa, uma local que enchia garrafões na subsistente bica. 
Lido agora o que se escreveu no jornal concluo, ruminante, com a boca ainda com hálito infernal: «faz bem à vida e também à morte, assim, vá isto tudo por água abaixo...»